A promessa envolta no nevoeiro

Todos os dias vemos cabeçalhos que mencionam a invasão desenfreada, a queda do que outrora fora o Velho Continente. E de imediato somos invadidos por um sentimento de perda, de que tudo aquilo que um dia tomámos por garantido é nos extirpado sem dó nem piedade pelas gravatas que sufocam os nossos bolsos, as nossas vidas. Seguido de um sentimento de revolta, querem fazer a diferença, no entanto essa vontade cai por terra quase que de imediato pois a mesma não passa de uma brecha de luz que se faz sentir através do denso nevoeiro da promessa. Agarrados ao sentimento da saudade, muitos demonstram a sua revolta no silêncio de um bater de teclas desmesurado pois acreditam que apenas e só assim conseguem fazer a diferença.

Tomemos Ceuta como exemplo. Correu notícias internacionais, tornou-se um conflito diplomático entre dois países europeus que reconhecem no seu cerne as consequências catastróficas da migração descontrolada e do seu impacto em tudo. Na mesma semana temos um Presidente da República que visita a Guiné na qual não é bem vindo pelos seus nativos e que não esconde de ninguém e exalta que é necessário fomentar e incentivar as pessoas a irem para a Europa, pois a mesma está bastante envelhecida. Vemos por um lado um (des)governo que em nada alimenta a prosperidade nacional e europeia da maioria e apenas faz crescer o fosso entre classes e o outro temos pessoas indignadas. Mas apenas e só indignadas, pois muitas esperam que apareça D. Sebastião no meio do nevoeiro. A maior fraqueza é este sentimento incessante de indignação misturado com uma espera quase que eterna de que um dia virá alguém socorrer o nosso povo. Mas existe aqui uma reviravolta: as pessoas que podem e devem salvar-nos da eterna condenação e extinção somos nós próprios. Não concordo com o discurso condescendente e vago de unir forças e trabalhar em conjunto mas sim de cada um, no seu ego desmesurado exercer aquilo que é melhor e que se sabe bem que contribui para o combate. O inimigo não são migrantes, somos nós próprios porque passamos mais tempo agarrado a apontar o dedo uns aos outros ao invés de meter mãos ao trabalho. No âmbito disto concluo com o seguinte: no momento em que a notícia de Ceuta se espalhou por tudo o que era plataforma, houve um segundo de paz e sossego na ala que à muito se encontra dormente e abafada. O palco pode e deve ser nosso no momento certo. Até o trabalho tem de ser feito nos bastidores. Ceuta é uma das milhares de provas de que as foices adornadas de arco-íris e pendentes está a ter o que quer: sangue derramado.

Escudo Identitário

 

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